segunda-feira, julho 11, 2005

Metaforicamente falando...

Garagem da Vizinha

Lá na rua onde eu moro
Conheci uma vizinha
Separada do marido
E está morando sozinha
Além dela ser bonita
É um poço de bondade
Vendo meu carro na chuva
ofereceu sua garagem

Ela disse: ninguém usa
desde que ele me deixou
Dentro da minha garagem
teias de aranha juntou
Põe teu carro aqui dentro
senão vai enferrujar
A garagem é usada
mas teu carro vai gostar

Ponho o carro
Tiro o carro
À hora que eu quiser
Que garage' apertadinha
Que doçura de mulher
Tiro cedo
Ponho à noite
E às vezes à tardinha
Estou até mudando o óleo
na garagem da vizinha (X2)

Só que meu possante carro
Tem um bonito atrelado
Que eu uso p'ra vende coco
E ganhar mais um trocado
Mas a garagem é pequena
O que é que eu faço agora
O meu carro fica dentro
Os cocos ficam de fora
A minha vizinha é boa
Da garagem vou cuidar
Na porta o mato cresceu
Eu dei um jeito de cortar
A bondade da vizinha
É coisa de outro mundo
Quando não uso a da frente
Uso a garagem do fundo.

Por: Rio Negro e Solimões
Adaptado por: Quim Barreiros

Todo o metaforismo presente neste exemplo da música popular portuguesa pode conduzir ao engano, levando as pessoas a acreditar numa ambiguidade de sentidos que, em última análise, não está lá. A palavra-chave, e sobre a qual devemos atentar, é 'cocos'. O que poderão ser metaforicamente os cocos? A resposta é óbvia. São simplesmente…cocos. A verdade é que a comercialização de cocos em Portugal se faz em atrelados, ficando aqui a crítica social à precaridade das condições de trabalho do comércio tradicional.

4 comentários:

  1. na realidade essa música é um icon da musica de humor sertaneja (interior do Brasil)... mas caga nisso por tá o blog tá fixe....

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  2. acho que foi isso que elas quis dizer mas com uma ironia um bocado escondida... acho.

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  3. Genial constatação. Qual Marcelo Rebelo de Sousa.

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