Noite fria de nevoeiro. Um beco abandonado. No fim da rua, uma porta já esquecida por muitos. Truz truz. Uma portinhola abre-se deixando ver apenas uns olhos escuros no interior do edifício. “Senha?”. “Zé, o Chave-de-Fendas, morreu.”. Uma porta abre-se e a quantidade de fumo encarcerada entre aquelas quatro paredes de tijolo frio é tanta que mais parece que o nevoeiro também sabia aquela senha e havia entrado também. A pesada porta de metal é fechada com força por um dos ‘gorilas’. Ao centro, e apenas iluminada por uma lâmpada de 220 volts que instavelmente pende do tecto, jaz uma mesa de pano verde, onde se perde a conta a fichas de jogo e garrafas de whisky vazias. Três homens estão sentados a essa mesma mesa, olhando desconfiadamente para um quarto homem. “Vens tarde.”, sussurrou um deles. “Tive que tratar de uns assuntos, se é que me percebem.”, respondeu a voz rouca do recém-chegado. O silêncio volta a cair naquela sala, apenas interrompido por um conjunto de 50 cartas a serem baralhadas por um dos homens. Ele baralha-as com precisão, como quem sabe o que faz. A velocidade com que ele distribui cada carta aos jogadores é impressionante e praticamente indistinguível ao olho humano. Calmamente, cada jogador pega nas suas cartas. Trocam-se olhares suspeitos por entre o fumo dos charutos. Após alguns minutos de um silêncio pesado e frio, o jogo começa:
“Tens quatros?”.
“Não. Vai à pesca.”.
Isso faz lembrar quando eu jogava ao poker na colónia balnear, com os meus 4 anos....
ResponderEliminarOs pormenores são importantes.
ResponderEliminarA lampada é de 220V e não 230
Já corrigi.
ResponderEliminarObrigada, pai. =)