terça-feira, fevereiro 13, 2007

A Odisseia de Josélito no País da Farfalhuda #25

Capítulos anteriores aqui.

Capítulo XXV


Zé Tó ansiava ver Lara Li, essa diva dos anos 80. Por isso, foi com grande emoção que, após a aterragem da nave espacial no lugar 22-F, Zé Tó desceu pelo escorrega insuflável, reparando de imediato que estava de facto no Paraíso da Carpete. Para quem desconhece, o Paraíso da Carpete é uma mega-store que vende todos os tipos de tapeçaria: carpetes, alcatifas, tapetes persa, tapetes de Arraiolos, tapetes que ilustram cenas campestres e que normalmente se penduram na parede e, mais recentemente, numa brilhante jogada de marketing, naprons. Zé Tó começou a passear pelos corredores à procura de Lara Li, mas, ao invés, encontrou um senhor de turbante que saltitava pela secção de tapetes mágicos.

- Olhe, desculpe, o senhor não é o Osama Bin Laden?

O senhor de turbante suspirou e respondeu:

- Não, eu sou o Aladino. As pessoas estão constantemente a confundir-nos. Até é fácil perceber porquê: ambos somos terroristas, ainda que eu só o seja na cama! Rau!

Zé Tó arrependeu-se de ter metido conversa com este sujeito; ainda assim, ainda perguntou:

- Olhe, já agora não me sabe dizer onde posso encontrar a Lara Li?

- Essa não é o travesti que costuma estar às Quintas-feiras na Esquina da Rua Bernadim Ribeiro?

Zé Tó ficou desiludido. Pensava que Aladino o pudesse ajudar a concretizar o sonho de uma vida: beijar os pés à Lara Li. Desanimado, fez uma última pergunta:

- Sabe-me então dizer qual o caminho para o Cu de Judas?

- Ó meu amigo, não queira ir ao Cu de Judas. - disse Aladino, com voz de Claúdio Ramos. - Fui lá uma vez e essa bicha nunca mais me telefonou. A parva.

Aladino continuou a injuriar o Cu de Judas, até que Zé Tó reparou em algo brilhante no bolso das calças de Aladino. Era a sua lâmpada mágica e discretamente, Zé Tó tentou surripiá-la.

- Ui! – guinchou subitamente Aladino. Depois sorriu. – Seu malandro. Ainda nem trocámos números de telefone.

Inadvertidamente, Zé Tó continuara com a mão dentro das calças de Aladino, o que juntando à hiperactividade de Aladino, fez inevitavelmente com que o génio aparecesse. Este olhou para Aladino, para Zé Tó e para a mão ainda embaraçosamente nas calças e disse:

- Ah não! Nem penses que a noite de ontem se vai repetir, Aladino.

- Ó Génio, - chamou Zé Tó, finalmente retirando a mão da virilha de Aladino. – será que eu podia ver essa grande senhora, a Lara Li?

- Desejo concedido!

E assim, Zé Tó viu-se teletransportado para o Politeama, onde estava em cena a última adaptação de Felipe La Féria, “Jesus Cristo Super-Estrela”. De início, Zé Tó não percebeu porque havia sido teletransportado para ali, mas ao ouvir…

Então tu és o Cristo,
O grande Jesus Cristo,
Prova-me que és divino,
Transforma a minha água em vinho.
Só tens de o fazer
P’ra eu ficar a saber
Que és o Rei dos Judeus!


…de imediato reconheceu a linda voz de Lara Li, que fazia o papel de Rei Herodes.

Então tu és o Cristo,
O grande Jesus Cristo,
Prova-me que não és choné.
Atravessa a minha piscina a pé.
Se o fizeres por mim,
Eu deixo-te ir, sim.
Vamos lá, Rei dos Judeus!


Uma lágrima correu pela face de Zé Tó. Ele juntou as mãos e agradeceu aos céus este momento. Mas a felicidade não dura para sempre e um dos projectores do palco pareceu concordar, ao achatar a Lara Li num dos momentos altos do espectáculo.


Próximo capítulo aqui. Mas vai demorar. Não, a sério. Vai.

2 comentários:

  1. Que fixação é essa pela Lara Li????
    Hummmm cá para mim é paixão antiga.... :-)

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  2. Boa versão :)

    E fixação pela Lara Li. Mal por mal o Leonardo Di Carpio. Sempre é mais feminino.

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