A pedido, publico aqui um mail que enviei há pouco tempo.
[Abre a cortina. Entram duas mulheres. Uma é a Maria João Abreu e a outra aquela tipa que entrou nos Malucos do Riso e ninguém sabe o nome. Na cabeça, uma enverga uma miniatura da Ponte Vasco da Gama e a outra, uma miniatura da Ponte 25 de Abril. De frente para o público.]
LN - Eu sou a Lisboa Nova!
LV - E eu sou a Lisboa Velha! E nos próximos 10 minutos, num tom de voz histérico e esganiçado, vamos demonstrar o desprezo que temos uma pela outra, enquanto fazemos esta dança estúpida de dar um passo à frente, outro atrás, ao mesmo tempo que seguramos a anca com as duas mãos, abanando-a como se não houvesse amanhã.
[Entra Zé Povinho. Palmas por parte do público porque é a Rita Ribeiro e onde quer que ela entre, mesmo que seja numa casa-de-banho, ela recebe uma salva de palmas.]
ZP – [ergue os braços] Meninas, meninas, não se zanguem.
LN – Não se zanguem?! Esta serigaita é que não se cala!
LV – Tens a mania que és esperta e muito culta!
LN – E sou! E sou! Sou culta e bonita, que já é mais do que se pode dizer de ti.
ZP – [ainda de braços no ar] Vá lá, meninas. Então? Vocês podem coexistir.
LN – Eu?!?! Coexistir com essa antiguidade?
LV – Antiguidade?!! Homessa! Pois fica a saber que ser velho implica ter sabedoria!
LN – Tu tens é pó!
LV – E tu tens é inveja!
ZP – [ainda, incrivelmente, de braços no ar] Vá lá, meninas, dêem-se bem!
LN – Inveja, eu?! Deus me livre. Eu cá sou o futuro, o progresso. Ninguém quer saber do passado!
LV – Pois o passado tem a história, a tradição, a saudade!
LN – O passado já tem é teias de aranha!
LV – Teias de aranha tens tu e é num sítio que eu cá sei!
[Após este innunendo, a discussão continua por mais de 20 minutos, ao contrário dos 10 previamente anunciados. Pelo meio, alguém diz 'merda' e o público fica em êxtase. Por fim, não se chega a conclusão nenhuma e acaba por ficar apenas em palco Zé Povinho, que entretanto baixou os braços.]
ZP - Isto anda tudo marado. A vida é injusta, não é? Uns têm tudo e outros não têm nada. E nenhum deles tem tempo para vir ao teatro. [olhos humedecidos] A revista está a morrer. Já ninguém se interessa. [Braços ao alto, novamente. Única lágrima a correr pela face direita, enquanto desbota a maquilhagem.] SALVEM O PARQUE MAYER!
[Música. Entram bailarinos com arcos de papel-machê e manjericos.]
É a revista, é a revista
À portuguesa!
Vamos lá então,
Ao teatro, porque não?
A seguir à sobremesa.
[Bailarinos serpenteiam pelo palco. Zé Povinho chega-se à frente do palco. Texto meio falado, meio cantado.]
Este Portugal
Sofre de um grande mal
Está de pernas para o ar
Até o maior português é o Salazar.
Não há trabalho nem dinheiro
(o Sócrates nem é engenheiro!)
O melhor é para Espanha emigrar.
[Zé Povinho faz manguito. Fecha cortina. Espectáculo repete de três em três domingos na TVI.]
Me vergado sobre o teu dom.
ResponderEliminarExtraordinário!!!! Fabuloso!!!
ResponderEliminarAh, e tal... n percebi...
ResponderEliminarEsta tinha mesmo de ser partilhada. ;)
ResponderEliminarAhahah, excelente! Adorei. :D
ResponderEliminarJoana, tens futuro como "argumentista"!:)
ResponderEliminarExcelente...
ResponderEliminarEsta rapariga é um espanto, na criatividade e na capacidade de surpreender...
tens futuro joana!tens futuro!
ResponderEliminarcostumo seguir o blog... e gosto de umas coisas e de outars nem por isso como em tudo, não é possível agradar a gregos e a troianos.
ResponderEliminaradmira-me q ainda não tenhas feito um post sobre o grupo português q se intitula de "buraka som sistema" e tem uma música de nome "yah!". é q é uma música... bem uma coisa assim fantástica! beijo cris*