quinta-feira, abril 03, 2008

"Ó mãe! Ó mãe! Olha aqui eu nas Internets!"

Ok, é verdade que não escrevo há bastante tempo neste blog. E apesar de garantir a mim mesma que é falta de ideias, a verdade é que ando muito preguiçosa. Portanto, vou apenas divagar um bocado sobre aquilo que me apetecer. Não prometo que seja humorístico.

Sei que já passou um tempo e o assunto já esmoreceu um pouco, mas gostava de falar sobre o malfadado vídeo da aluna que agrediu a professora numa escola secundária do Porto.

Na minha opinião, aquilo é nada mais que uma falta de respeito por parte da aluna. Toda a gente sabe que adolescentes de quinze anos se estão completamente marimbando para as regras da sala de aula. Atender o telemóvel numa aula é actualmente um comportamento (infelizmente) normal dos alunos. Confiscar o telemóvel é o comportamento normal do professor. Levantar-se e praticamente agredir a professora, gritando-lhe, exigindo-lhe que lhe devolva o telemóvel é o comportamento normal de uma miúda mimada de três anos a quem as pessoas que a educaram nunca ensinaram o que é respeito. Mas ela não está sozinha na sala. Os colegas riem-se. Riem-se porque significa que estão a vencer autoridade e isso alimenta-lhes o ego rebelde, característico da adolescência. E até filmam. Mas isso é só porque vai ser buédafixe ver a “velha a cair”.

É importante também salientar que pouca gente conhece o verdadeiro contexto daquela situação. Para todos os efeitos, a professora também pode ter culpa no cartório. Aliás, até pode acontecer a professora nunca ter sabido impor autoridade sobre aquela turma – o que é grave em turmas daqueles anos (sei isto de experiência própria: também tive uma professora de Físico-Química no 8º ano que não tinha qualquer autoridade sobre nós – e nós, como normais adolescentes de 13 e 14 anos, bem que lhe fazíamos a vida negra). Mas esse facto não desculpa de maneira nenhuma as acções da aluna.

E em todos os canais de televisão, surgem os analistas e os psicólogos em filinha indiana, prontos a dar a sua intelectualizada opinião. A maioria parece culpar as chamadas novas tecnologias. Pois claro. E vá lá, que a violência nos videojogos ficou impune. Esse monstro que a imprensa muito gosta de alimentar nestes casos, desta vez, ficou a ver outro fenómeno arcar com as culpas.

A situação é grave. A violência nas escolas é um fenómeno recorrente. Todos temos de reflectir nele e pensar seriamente em medidas viáveis que possam solucionar o problema. Sim, porque a transferência da aluna para uma outra escola não é solução viável. É o mesmo que atirar o lixo para o quintal do vizinho, só porque dá trabalho atravessar a rua para o ir pôr no contentor.

Mas enfim (e sim, vou parar de escrever que entretanto isto já está a ficar compridinho e até chato), isto sou eu a falar do conforto do meu sofá (vá, cadeira da secretária). Que isto dos problemas dos outros, já dizia o outro, resolvem-se com uma palmadinha nas costas. Ainda que este, na minha opinião, se resolvesse com um par de tabefes (mas não pode ser da professora, porque senão depois vêm os paizinhos e é o “ai meu deus, que a professora agrediu a minha filha!”).

E a verdade é que um simples vídeo do YouTube, provavelmente transformado num daqueles “forwards” que as pessoas que nada têm para fazer mandam a todos os seus contactos, foi parar à caixa de correio electrónico de um qualquer funcionário da RTP/SIC/TVI. E de repente, a violência nas escolas surge como o tema do momento, como se nunca antes tivesse existido e fosse a maior novidade do mundo. Logo, se contactam os responsáveis que garantem que vão ser tomadas medidas, que vão ser instalados inquéritos, apuradas responsabilidades.

Mas entretanto o corpo da Maddie é encontrado ou o Cristiano Ronaldo encontra uma nova namorada e a história da miúda do Porto que gritou com a professora deixa de vender.

E fica tudo na mesma.


Nota de rodapé: E sabem o que me entristece mais? Mais do que a gravidade desta situação, mais do que a inaptidão do governo em resolver o problema da violência escolar (porque admitamos, ela sempre existirá), é que facilmente imagino, daqui a uns anos, um homem feito a virar-se para um seu amigo e dizer orgulhosamente: “Lembras-te daquele vídeo que andou nos telejornais há uns anos de uma aluna a agredir uma professora e a gritar para lhe dar o telemóvel? Fui eu que filmei.”

23 comentários:

  1. É ultrajante que andes anos e anos a alimentar uma imagem tão agradável de ti própria e que a venhas agora destruir com uma opinião tão equilibrada.

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  2. Então, pronto. Para não ficarem com a ideia de que isto é um sítio sério: uga buga buga.

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  3. Há algo de intelectual nessa macaquice...

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  4. antigamente: mais velhos malham mais novos.

    hoje: bullying! aaaah, e bullying!!! coitadinha da criancinha que fica traumatizada!!!



    ...


    isto irrita-me profundament.

    nao vou pa area de desenvolvimento porque acho que a maioria dos problemas das crianças de adaptaçao e nao sei que se deve mais a educaçao que levam de casa do que a hiperactividades e coisas do genero.


    os meus filhos hao-de levar uns bons tabefes xD

    (coitados)

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  5. Por acaso a tua Professora de Física-Química do 8º era paquistanesa e dá pelo nome de Tajmina?

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  6. O que eu acho anormal é a reacção da professora. Se fosse comigo a gaja tinha levado era dois estalos naquela cara.

    Outra anormalidade é tanto alarido dos media à volta daquilo.

    Bom, vou parar com as anormalidades.

    O que é certo é que cada vez mais são as miúdas a ter este género de comportamentos...

    *

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  7. Se não fosse isto realidade, até seria uma cena cómica.

    Infelizmente concordo com tudo o que dizes.

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  8. Este blogue é delirante. E excelentes bonecos na tua "dupla personalidade".

    Aparece no meu novo espaço.

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  9. tanto alarido... nunca se intrigaram se o telemóvel estaria no modo vibração. quais psicólogos, advogados, PR, etc, quais quê... deviam é ter trazido um(a) sexólogo/a

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  10. O que me preocupa é que é esse cromo que filmou e o amigo que me vão pagar a reforma... espero!

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  11. Bom, neste caso, temos de atender às diferenças de gerações da Professora e dos alunos. Pq por exemplo, se for um Professor de 23 ou 24 anos que tenha uma turma de alunos de 17~19 anos, ai assim parece a rebaldaria total, ou seja, ai é muito mais acessível que esses alunos do 12ºano (em principio todos os alunos do 12º ano têm mais de 17 anos ou no mínimo dos mínimos durante o 1º Período têm 16 para 17 ou então os sobre dotados, mas a princípio, os alunos do 12º anos são jovens adolescentes com mais de 17 anos) passem por cima e vençam a autoridade dos Professores... mas de qualquer maneira, regras são regras e os Professores estão a cumprir ordens. Por exemplo, uma amiga minha conta de uma situação que aconteceu por volta de há 2 ou 3 anos, em que estava numa determinada praia, e num estabelecimento, era permido entrar com roupas de praia mas não de biquinis e tangas/sungas, digo isso pq nesse sítio, iam a entrar um rapaz e uma rapariga, ele com 15 anos e ela com 17, eram os 2 "tops de linha" como os brasileiros dizem, e ele ia com uma tanga cavada e ela com um minúsculo biquini de fio dental e só de havaianas e o empregado, que tinha 21 anos (e tinha mesmo cara disso e via-se bem que era gajo pra isso) quis impedi-los de entrar e que aquilo não eram trajes, mas eles não o levaram a sério, pois era um gajo novo (mesmo sendo eles ainda mais novinhos, ele um pouco mais novinho ainda que ela), eles insistiram e passaram por cima da autoridade do empregado que estava a cumprir ordens e quase ia havendo um "desaguisado", até que chega a gerente e o gerente que os expulsam, ameaçando chamar a polícia... bom, de qualquer maneira, o gajo tinha que estar com aquela moral toda, quando na verdade, nas suas horas vagas, ele ia "abastecer-se" na praia de sunga pequena e cavada, juntamente mtas vezes com o irmão mais novo três anos a menos e o amigo deste cerca de 2 anos mais novo ainda (5 anos mais novo q o irmão mais velho do amigo, portanto), os 3 de tanguinha na praia a apanhar sol, e esporadicamente com miúdas boas agregadas a eles só de biquíni fio dental, e na maior parte das vezes só de monoquini fio dental e topless (estando eles só de tanguinha), mas de facto aquele contexto era completamente diferente... isto foi só pra exemplificar

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  12. Sim, às vezes acontece que alunos com mais idade do que 15 anos (tipo 17 ou 18) também terem comportamentos de indisciplina, no 12º ano, muitas vezes, os rapazes vão aos exames nacionais de calções de banho da reef ou da billabong e havaianas e as raparigas de chinelos, mini-saia de pano, camisetas com alças e decotes e bíkinis por baixo... mas independentemente disso, tmb há muitos outros casos de indisciplina no 12º ano, o que é preocupante.
    Até no Futebol há estes casos. O Zequinha, por exemplo, no Mundial Sub-20 q foi agora há pouco menos de 1 ano, em Julho, com 20 anos, o gajo faz uma cena e rouba o cartão vermelho ao árbitro, os outros demoveram-no e ele pôs-se ali com cenas a chorar baba e ranho e a gritar "filhos duma p..., cara...!!!! parecia que tinha 13 ou 14 anos que em casa foi extremamente mal criado prós pais e o pai deu-lhe uma valente repreensão e mandou-o pró quarto e ele a protestar e chorar e a fazer cenas, o que já não acontece qdo um filho já está nos 16/17 anos, não sei se me entendem este ponto de vista...

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  13. Joana, estás lixada. Esta que escreve comentários gigantes, em que fala muito de idades e que se faz passar por vária pessoas, é a pior sarna do mundo.

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  14. Tendo em conta aquilo que a Patrícia expôs, os pontos de vista, de facto temos de atender ao contexto das situações. Por exemplo, atender telemóveis é proibido e essa proibição faz parte do regulamento interno, e mesmo quando se está a ter uma sessão num Psico terapeuta ou no Psiquiatra ou seja em que for, não se atende o telemóvel por uma questão de boa educação. Assim como entrar de bikini minúsculo (elas) e tanga cavada (eles) num estabelecimento que não sirva como apoio à praia, também é uma grande falta de respeito e de educação e consideração... e dai, até há muitos clientes e muitas clientes que até podem ficar muito satisfeitos e até gostarem LOL mas de qualquer forma há determinadas regras que têm uma certa razão de ser...
    E quanto à situação em si, é completamente absurdo, a miúda sabia perfeitamente que a Professora tinha de lhe confiscar o telemóvel e que ela não o podia atender durante o decorrer de uma aula. Ela pelo menos, mesmo que não respeite normas nem regras nem o regulamento interno, podia ao menos ter consideração pelo facto de a senhora (a Professora) já não ser nenhuma moça e quase que podia ser sua avó, enfim é tudo um conjunto de factores que estão em causa

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  15. Muito bem! Agora sem referir idades mas com a mesma multiplicação de "personalidades"...

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  16. Achei extremamente interessante a história que a Patrícia contou do rapaz e da rapariga que iam entrar de tanga cavada e biquini fio dental minúsculo, respectivamente, e o empregado teve de impor autoridade e eles não o levaram a sério por ser um gajo novo (mesmo q mais "crescido" que eles), etc tudo isso é bastante interessante, acho que de certa forma está tudo ligado, é como atender um telemóvel numa aula, numa sessão, numa reunião... e nesse caso se o estabelecimento não era directamente de apoio à praia, realmente há que se ter em atenção ao entrar de tanguinha e só de biquini, da mesma maneira que não se utilizam telemóveis nas sessões, nas aulas, nas reuniões, etc basicamente as pessoas têm de entender que não se trata de má vontade ou coisa assim a imposição dessas normas

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  17. Realmente num ponto eu concordo: a miúda, mesmo marimbando-se para o regulamento interno da escola e não respeitando as hierarquias, podia ao menos ter consideração pela senhora que já não é nenhuma moça nova e quase que podia ser sua avó. Pelo menos a miúda podia não ter comprado uma briga considerando a idade da senhora que exige muito respeito, se até da parte de uma pessoa de 40 anos se exige respeito e consideração a uma pessoa de 60, admite-se a uma chavalazinha de 15 anos esse tipo de atitude para com uma pessoa muitíssimo mais velha, quase com idade para ser sua avó? Desculpem lá essa questão de idades, mas neste caso é um posto e um estatuto social... E depois a expulsão da escola e transferência não é solução! A solução seria a miúda fazer, durante 1 ano, trabalho humanitário nas clínicas e nos hospitais, ter contacto com o sofrimento humano, que assim seria mais educativo. A diferença de idades da Professora com os alunos conta bastante, pois aos 25 anos, com certeza eles (e a aluna em questão também) não iriam ter coragem de tratar abaixo de cão alguém com 70 anos...

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  18. Os jovens com mais idade do que 15, muitas vezes também podem ser assim. Vencer a autoridade aumenta-lhes o ego, seja em que circunstância for. E essa referência da rapariga de 17 anos e do rapaz de 15 que não levaram a sério a "autoridade" de um gajo com 21 anos, até por ser um gajo novo e com idade próxima das deles, e que teve com o "moral" de não deixar entrar de tanga e biquini... mas nesse caso, pelo que parece nem foi ego de rebeldia ou coisa parecida.
    Mas os jovens com mais idade do que 15, ai com 17 ou 18 também muitas vezes podem ser assim, Joana. Até o próprio Zequinha, aos 20 anos, no último Mundial de Sub-20 fez cenas ali que nem um puto de 17 anos ou 16, bem formado, faria...

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  19. Ás vezes há muitos tipos com mais idade, tipo 17, 18 anos que até são piores que os mais novitos

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  20. que os mais novitos, esses de 15 anos

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  21. Estar na internet é muito importante. Mostra que somos modernos, que estamos atentos ao mundo. Mas mais importante é escrever, participar, não ser amorfo.
    Força!

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