Capítulo XXI
Analepse: nuvens escuras e relâmpagos cercam um castelo no alto de uma colina apenas alcançável através uma ponte de madeira pouco estável sobre um precipício. Fade-in. Dentro do castelo, um senhor de jardineiras, camisa vermelha aos quadrados e cabelos brancos trabalha arduamente na sua obra. Por entre o troar dos trovões, um riso maléfico e tresloucado cresce de intensidade.
- FUNCIONA! MWAHAHAHAHAHAHAHHA!!!
O senhor de jardineiras, camisa vermelha aos quadrados e cabelo branco afasta-se, deixando ver uma máquina do tamanho de um rebuçado, que de cinco em cinco segundos, expele uma nuvem de fumo. Por cada nuvem de fumo, vê-se uma sombra. Em cada sombra, vê-se a mesma silhueta do senhor de jardineiras, camisa vermelha aos quadrados e cabelos brancos.
- Vão, meus lindos! Façam com que o mundo não se esqueça de mim outra vez! Hi hi hi hi hi!
E assim nasceu o exército de Avôs Cantigas.
***
Zé Tó abriu os olhos e ficou chocado com a cena que se apresentava diante dos seus olhos. Quatro Avôs Cantigas seguravam-no, enquanto um quinto se preparava para lhe dar um murro no estômago. Ao redor, outros Avôs Cantigas destruíam a paisagem e atacavam Mickael Carreira como se não houvesse amanhã. Ouvia-se uma gargalhada malévola que mais parecia vir do céu. Ao olhar para cima, Zé Tó viu o que supunha ser o verdadeiro Avô Cantigas montado no Palhaço Croquete que abanava freneticamente umas folhas de palmeira, logo, planando.
Zé Tó contorcia-se de dor à medida que o Avô Cantigas número 567/32 lhe esmurrava o estômago repetidamente, enquanto cantava “Eu sou o Avô Cantigas / Todas as crianças são minhas amigas.”. Foi ao ouvir estas palavras sábias que Zé Tó, num rasgo de inteligência vinda dos confins do seu subconsciente, perguntou a este Avô Cantigas:
- Mas se tu és o Avô Cantigas, quem são estes quatro que me seguram?
Logo responderam os Avôs Cantigas que lhe seguravam os braços e as pernas:
- Ei, EU é que sou o Avô Cantigas!
- Mas EU é que sou o Avô Cantigas!
- Não, EU é que sou o Avô Cantigas!
A discussão chegou a tal ponto que os clones começaram a atacar-se uns aos outros, culminando na sua destruição absoluta. Ironicamente, o homem que procurava relembrar às pessoas quem era, viu o seu exército morrer atormentado por uma crise de identidade.
- NÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOO!!! - exclamou o verdadeiro Avô Cantigas. - Maldito sejas! Perseguir-te-ei até ao fim dos teus dias! – e partiu para longe mais o seu Croquete.
Zé Tó decidiu abandonar aquela cena desoladora e, ainda dorido, começou a andar. À medida que andava, a paisagem à sua volta ia retomando a sua normalidade. É claro que Zé Tó continuava a sua jornada no País da Farfalhuda e aí normalidade significava coelhos com a cabeça do José Rodrigues dos Santos saltitando planície fora ou acasalando com javalis com a cabeça da Judite de Sousa.
Poucos passos depois, Zé Tó chegou a uma bifurcação.
Zé Tó, obviamente, virou à direita.
Próximo capítulo aqui, caso o Carlos Alberto Vidal não tenha ainda processado os autores.
oh well.. ext zé tó tb nnk mais akabar ka sua sagapah.. ixtu anda pior ko anjo selvagem!
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